quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Biólogo elimina descarga sanitária em casa para economizar água

Na casa do biólogo e bioconstrutor Fernando Nascimento moram quatro pessoas. Por ano, sua família economiza, em média, 61,3 mil litros de água apenas com a eliminação das descargas sanitárias. Isso foi possível com a construção de um banheiro seco que não gasta uma só gota de água no vaso sanitário. O banheiro seco é uma invenção inglesa de 1597.

O sanitário compostável já é utilizado em várias partes do mundo, como uma alternativa mais ecológica ao sistema convencional. Em geral, é necessária a construção de dois sistemas, um vaso sanitário para urina e outro para fezes. A urina é destinada a um tanque e, depois de tratada, pode ser utilizada como adubo. “Ela também pode ser descartada diretamente no solo, após passar por decomposição anaeróbica em bombonas plásticas porque não vai poluir e fornece nutrientes para as plantas”, disse o bioconstrutor.

As fezes são armazenadas em câmaras do lado de fora da casa. A ideia é simples e parte do princípio que, ao se misturar nitrogênio dos dejetos e carbono de serragem ou aparas de gramíneas sob alta temperatura, há uma aceleração do processo de desidratação e compostagem, o que faz com que esses dejetos sejam transformados em adubo. Para isso, se constrói uma estrutura onde os resíduos serão acumulados e sob calor aconteça o processo, que é inodoro. Os resíduos devem permanecer na compostagem por, pelo menos, seis meses, para que o ciclo de qualquer parasita ou patógeno seja processado pela fermentação aeróbica que ali vai ocorrer.

Segundo Fernando Nascimento, na câmara onde as fezes são desidratadas a temperatura fica entre 65 e 80 graus centígrados. “Esse calor é suficiente para eliminar todo tipo de bactérias e parasitas e torna o adubo 100% seguro”, afirmou.

O banheiro foi construído e está sendo utilizado há dois anos e oito meses. Nesse período a família já economizou o total de 161.280 litros de água e produz adubo orgânico. “Há mais de dois anos não damos descarga e o mais importante é que não jogamos nada do vaso sanitário no esgoto. Essa água deixou de ser efluente contaminante no meio ambiente. Só aí o ganho já foi imenso”, disse.

Consciência ecológica motivou projeto Para construir todo o sistema do banheiro seco, Fernando Nascimento calcula hoje um investimento em torno de R$ 300. Segundo ele, compensa, já que as vantagens são muitas. Entre elas, ele destaca não misturar fezes com água potável; transformar um problema, o esgoto, em recurso já que é produzido húmus; não necessitar de instalações hidráulicas; não produzir lixo contaminante; eliminar agentes patogênicos; permitir a utilização do adubo e ter custo operacional baixíssimo.

O biólogo, que se formou bioconstrutor por ter sido motivado pela consciência da não agressão ao meio ambiente, quer difundir o emprego de técnicas mais sustentáveis e de formas ecologicamente corretas de se trabalhar em parceria com a natureza também na construção civil.

“Há uma enorme demanda de espaços que poderiam ser ecologicamente construídos, como centros de apoio educacional, pontos de coleta de material reciclável e até mesmo as ecorresidências. Pelo fato de hoje estarmos muito mais preocupados com a compensação ambiental, a bioconstrução rapidamente deixará de ser uma tendência para se tornar uma exigência na construção civil.” Para mostrar que isso é possível, ele está construindo um protótipo de casa sustentável para difundir técnicas e materiais alternativos.

Vantagens Economizar água com a eliminação de descargas sanitárias Não misturar fezes e urina com água potável Não produzir esgoto Reaproveitamento para a produção de adubo Baixo custo operacional
Custo: Aproximadamente R$ 300

Fonte: Correio de Uberlândia.

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