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Revista SNCT

Mais um lançamento do Museu Diversão com Ciência e Arte (Dica), da UFU.

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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Energia para uma economia verde

* Tânia Cosentino

Passam-se décadas, e o desenvolvimento sustentável continua sendo um dos assuntos mais comentados em conferências, pelos meios de comunicação, pelos empresários, pelo mundo. Após anos de tímidas discussões, agora o tema tem se tornado recorrente entre autoridades e organizações. Nos últimos anos, amadurecemos vários conceitos, aprofundamos estudos, tecnologias e aprendemos várias lições. A maior delas é que, se realmente queremos ter uma economia verde, a discussão social não pode ser separada da ambiental. O desenvolvimento econômico, somente para acúmulo de riquezas, se tornou totalmente anacrônico. A sustentabilidade agora é uma meta que deve ser buscada por todos, tanto organizações privadas quanto públicas.

A energia terá um grande papel no cenário, já que uma simples análise na distribuição energética mundial mostra o tamanho dos nossos desafios. Atualmente, mais de 1,3 bilhão de pessoas ao redor do globo vivem sem acesso à energia, o que atrasa seu acesso às condições mais básicas. Só no Brasil, 2% dos domicílios vivem sem eletricidade, em áreas rurais ou remotas. É um panorama desafiador, mas para enfrentar essa situação é preciso levar em conta que ainda usamos muitas formas de energia poluente e não podemos simplesmente aumentar a oferta, desconsiderando o dano que isso causará.

A declaração das Nações Unidas de 2012 como Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos demonstra bem como tudo está conectado e que o acesso à eletricidade faz parte dos esforços para erradicação da pobreza. Por isso, a expectativa é que até 2030 haja uma massificação dos investimentos em fontes sustentáveis, universalização do serviço e melhorias em eficiência energética ao custo de US$ 48 bilhões ao ano.

No Brasil, a sociedade e o governo entenderam o recado, e a sustentabilidade ganhou enfoque específico da erradicação da pobreza, estimulando a preservação do meio ambiente, o acesso à energia, educação, saúde e cidadania. A ideia é desenvolver soluções que incluam e beneficiem a todos, sem desprezar o meio ambiente nem a economia. É um cenário desafiador, já que o país é o décimo maior consumidor de energia elétrica do mundo, e a demanda continuará a crescer, impondo a expansão à rede para atender a população e indústrias. Estes desafios mostram que precisamos de um amplo compromisso para o desenvolvimento sustentável. As nossas próximas iniciativas devem englobar ações sociais, econômicas e ambientais, considerando as necessidades energéticas como fator essencial ao desempenho das demais. O objetivo tem que girar em torno de uma renovação do compromisso mundial com o desenvolvimento sustentável, por meio da análise do que fizemos até agora, os erros e acertos, e os novos temas que surgiram recentemente.

2012 tem sido uma ótima oportunidade para enfrentarmos a realidade e seus desafios, compreendendo como podemos utilizar a energia e os recursos do planeta de maneira mais responsável. Não existe alternativa, nem mais tempo para postergar. Ou resolvemos agora ou legaremos um futuro de incerteza para as próximas gerações.

* Presidente da Schneider Electric Brasil

Fonte: Jornal do Brasil.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Plástico biodegradável de açúcar está pronto para escala industrial

Há mais de dez anos, a empresa PHB Industrial produz em escala piloto o Biocycle, um plástico biodegradável feito com açúcar de cana. Apesar de dominar a tecnologia para fabricar diversos produtos com o polímero e para tornar seu custo competitivo quando comparado ao do plástico convencional, a empresa ainda não conseguiu elevar sua produção a uma escala industrial.

Para Roberto Nonato, engenheiro de desenvolvimento da PHB Industrial, o caminho mais curto para levar o Biocycle ao mercado seria uma parceria com a indústria petroquímica. “Temos tentado isso há alguns anos, mas o pessoal do petróleo não costuma conversar com o pessoal do açúcar”, disse durante sua apresentação no workshop “Produção Sustentável de Biopolímeros e Outros Produtos de Base Biológica”, realizado na sede da FAPESP.

A história do Biocycle começou no início dos anos 1990, época em que a Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) procurava outros produtos que pudessem ser fabricados em uma usina de açúcar que não fossem commodities.

Por meio de uma parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e com o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), a Copersucar conseguiu produzir o polihidroxibutirato (PHB) – um polímero da família dos polihidroxialcanoatos (PHA) com características físicas e mecânicas semelhantes às de resinas sintéticas como o polipropileno – usando apenas açúcar fermentado por bactérias naturais do gênero alcalígeno.

Em 1994, uma planta piloto foi instalada na Usina da Pedra, em Ribeirão Preto. Em 2000, foi criada a PHB Industrial e a tecnologia passou a pertencer ao Grupo Pedra Agroindustrial, de Serrana, e ao Grupo Balbo, de Sertãozinho.

Com apoio da FAPESP por meio do Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e auxílio de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), a empresa desenvolveu a tecnologia de produção dos pellets – pequenas pastilhas cilíndricas feitas com uma mistura de PHB e fibras naturais –, matéria-prima usada pela indústria transformadora para produzir utensílios de plástico.

“Inicialmente, nos preocupamos apenas em desenvolver o PHB e achávamos que a indústria transformadora faria o resto, mas, quando você chega com uma resina nova ao mercado, ninguém sabe como processar. Percebemos que era preciso ir além”, disse Nonato à Agência FAPESP.

A técnica de misturar PHB com fibras vegetais trouxe outra vantagem: a redução do custo. Enquanto o quilo do polipropileno custa em torno de US$ 2, o quilo do PHB sai por volta de US$ 5. “Se você mistura com pó de madeira, por exemplo, barateia o produto e dá a ele características especiais que podem ser interessantes”, explicou o engenheiro.

Diversas aplicações
O PHB é um material duro que pode ser usado na fabricação de peças injetadas e termoformadas, como tampas de frascos, canetas, brinquedos e potes de alimentos ou de cosméticos. Também pode ser aplicado na extrusão de chapas e de fibras para atender a indústria automobilística. Serve ainda para a produção de espumas que substituem o isopor.

“Desenvolvemos diversas aplicações para o polímero em cooperação com outras empresas. A indústria automobilística, por exemplo, nos procurou para testar o PHB e vimos que o polímero era viável na fabricação de peças para o interior dos carros. Mas, como ainda não temos condições de produzir em escala industrial, não conseguimos entrar no mercado”, disse Nonato.

Segundo Nonato, a empresa chegou a ter uma pequena produção industrial de painéis de trator. O produto era mais barato que o equivalente feito com plástico convencional e, ainda assim, o negócio não prosperou. “Era uma produção tão pequena para o padrão da indústria, acostumada a comprar centenas de toneladas, que acabaram desistindo por dificuldades operacionais”, disse.

Para ampliar a produção, a PHB Industrial teria de aumentar sua planta. Segundo Nonato, isso exigiria um investimento muito superior ao que uma usina de açúcar tem como meta. Seria preciso um parceiro.

Também precisaria de ajuda para dar suporte aos compradores. “É necessário ter uma equipe que vá a campo ensinar qual é a temperatura certa para processar o PHB, o tipo de forma, o tipo de rosca. O mercado é pulverizado e grande parte dele está na Europa. Somente as grandes petroquímicas teriam condições de dar esse suporte”, disse.

Enquanto no Brasil o mercado para o PHB é restrito a nichos interessados em fabricar produtos com apelo ecológico a um preço mais elevado, na Europa a busca por produtos biodegradáveis é grande, segundo Nonato. “Na Europa, a agricultura hidropônica é forte e a legislação ambiental é rígida. Usa-se muito material biodegradável em estufas”, contou.

Com o PHB, é possível fabricar braçadeiras para plantas ou tubetes para reflorestamento e depois encaminhar o resíduo plástico para estações de compostagem, onde ele é rapidamente absorvido pela natureza.

Enquanto os plásticos tradicionais levam mais de cem anos para se degradar, os produtos feitos com PHB se decompõem em torno de 12 meses e liberam apenas água e dióxido de carbono.

Além da agricultura, o material pode ser usado na fabricação de embalagens para alimentos, cosméticos e outros produtos oleosos que são de difícil reciclagem. “O mercado existe e nosso produto está pronto. O que falta é um canal para chegar ao mercado e um pouco mais de investimento”, disse.

Fonte: Agência Fapesp.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Brasil vai produzir sistemas para carro economizar combustível

Start/stop, injeção direta e direção elétrica poderão ser feitos localmente. Consumo de combustível será destaque no novo regime automotivo.

Tecnologias modernas, mas já populares em mercados maduros como os dos Estados Unidos e da Europa deverão chegar aos carros brasileiros "comuns" nos próximos cinco anos. Isso porque o novo regime automotivo, esperado para ser anunciado pelo governo na próxima quarta-feira (29), obrigará as montadoras a reduzir o consumo de combustível e, consequentemente, o nível de emissões, para pagarem menos no Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI).

Até o fim deste ano, continuam valendo as normas que foram definidas no ano passado, que determinam um aumento de 30 pontos percentuais no IPI para carros importados de fora do Mercosul e do México, e para nacionais que não tenham, pelo menos, 65% de conteúdo regional.

Anfavea discute novo regime automotivo
Novo regime automotivo valerá de 2013 até 2017, informa governo Com o novo regime, o governo deverá abrir possibilidades de obtenção de desconto nesse imposto, como o uso de conteúdo nacional, investimento em tecnologia e, sobretudo, eficiência energética.

Entre as tecnologias que passariam a ser fabricadas em território brasileiro seriam a start/stop (que desliga o motor do carro ao parar em um semáforo, por exemplo, e religa quando o motorista pisa no acelerador), injeção direta de combustível e direção elétrica.

"Uma legislação baseada na eficiência de combustível, ou seja, na redução de emissões de CO2, é a chave de sucesso do novo regime automotivo", afirma Paulo Cardamone, diretor da consultoria IHS Global Insight, contratada pelo governo para apresentar um estudo sobre eficiência energética entregue em abril deste ano. As tendências do setor foram assunto no Simpósio SAE Brasil, que aconteceu nesta quarta-feira (22), em São Paulo.

Redução de 20% das emissões
Cardamono adianta que o estudo entregue estabeleceu uma meta de redução de 20% das emissões de CO2 até 2017. Para isso, cada montadora teria de mostrar a média de emissão máxima de 135g de CO2/km, que se equipara ao vigente hoje na Europa. Hoje, a média dos veículos nacionais novos é de 170g.

Essa média é feita considerando o portfólio (número de modelos de veículos) de cada montadora, com base na relação do chamado "foot print" por CO2. O foot print é a área quadrada que considera a bitola do carro (onde encaixa a roda) e a distância entre-eixos. Com isso, pondera-se as vendas do ano por montadora pela média de emissão.

Quem avaliaria o nível de emissões dos carros seria o Inmetro, por já possuir laboratórios específicos para calcular o consumo de combustível e o nível de emissões. "O consumidor terá essas informações claramente ao comprar o carro." "Nossa empresa entregou para o governo a melhor técnica possível, mas a decisão do governo é outra história. Ele negocia com o setor ainda", ressalta Cardamone.

Retomada de exportações
Com a chegada de novas tecnologias produzidas localmente, um novo ânimo será injetado na indústria nacional. O objetivo é gerar mais empregos e tornar o veículo nacional novamente competitivo para as exportações. "Este regime automotivo é a salvação da lavoura. Ou a gente muda ou a gente vai perder a chance de participar globalmente desta indústria", diz o diretor da IHS Global Insight.

Segundo Cardamone, um novo pacote tecnológico vai aumentar 15% de conteúdo local nos carros, o que corresponderia à geração de 20 mil empregos. Em quatro anos, US$ 14 bilhões em combustível seriam economizados.

Além da eletrificação dos carros, para ajudar a reduzir o trabalho do motor, outros investimentos em tecnologias e materiais serão feitos, como redução de peso, melhorias da eficiência do motor, da aerodinâmica e maior uso de materiais mais leves, como o alumínio.

Montadoras dizem estar preparadas
Embora as montadoras tentem forçar o governo a reduzir os impostos para compensar o aumento de custo com o uso de materiais mais modernos, elas já se dizem preparadas para trazer as novas tecnologias aos carros fabricados do Brasil. De acordo com o vice-presidente de Engenharia da General Motors América do Sul, Pedro Manuchakian, os fornecedores têm capacidade para atender esta demanda e já há investimentos previstos para até 2017. "Ainda é avaliado, não posso divulgar, por enquanto."

E nesse pacote entra também o aumento da conectividade nos carros. "Temos que fazer com que o consumidor volte a gostar de automóvel no Brasil", destaca o diretor de engenharia da Ford América do Sul, Marcio Alfonso.

Reciclagem de carros
O regime automotivo não terá incentivos para carro elétrico, mas abordará, no entanto, outro tema polêmico: a reciclagem de carros. Cardamone adianta que o programa é discutido por aumentar a escala de produção veículos. "Você tira os carros muito velhos de circulação e cria uma nova indústria, gerando empregos e renda", destaca o consultor.

O especialista destaca que não se deve confundir reciclagem com renovação de frota. "Não é uma renovação de frota pontual, estamos falando da criação de outra indústria, porque é possível reciclar plástico, vidro, cobre, cabo, entre tantos outros componentes", reforça Cardamone.

Mais sobre o novo regime
Os objetivos do novo regime automotivo, que valerá entre 2013 e 2017, são aumentar o conteúdo regional medido pelo volume de aquisições de peças e insumos estratégicos, assegurar investimentos em inovação, aumentar o valor de gastos em engenharia e tecnologia industrial básica, além de aumentar a eficiência energética dos veículos. Entre as medidas que deverão ser cumpridas pelas montadoras para se enquadrar no novo regmie e, com isso, ter direito a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), estão investir no mínimo 0,15% da receita operacional bruta em inovação em 2013, percentual que subirá para até 0,5% em 2017 e cumprir, no país, 8 de 12 etapas fabris nos veículos leves, e 10 de 14 para pesados em 2013, subindo, até 2017, para de 10 a 12 etapas (leves) e de 12 a 14 etapas (pesados).

Fonte: G1.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cientistas tentam prever futuro por meio de um simulador

O Living Earth Simulator é uma proposta que necessita de bilhões de dólares para ser concretizada

O que será que aconteceria se você tivesse um programa de computador capaz de adquirir dados de sensores localizados em todos os cantos da Terra e, em seguida, conectar estas informações em uma simulação detalhada do planeta, de uma só vez?

Se você imaginou que, com isso, poderia prever o futuro, você está no caminho certo. E os pesquisadores da União Europeia querem transformar essa possibilidade em realidade.

De acordo com o Dvice, o Living Earth Simulator é uma proposta que necessita de bilhões de dólares para ser concretizada. A ideia é passar dez anos desenvolvendo um ambiente computacional capaz de não apenas simular, como também explorar modelos de previsão para entender como é que tudo que está acontecendo no mundo se interrelaciona com o ambiente e todo o restante dos elementos, derivando conexões e correlações que nós nunca poderíamos imaginar que existissem.

Mas, para fazer uma simulação de tudo, é necessário ter acesso a grandes quantidades de dados precisos. O Living Earth Simulator necessitaria de uma rede global de sensores, tanto físicos como em forma de software, para adquirir, constantemente, os dados ambientais, tecnológicos e sócio-econômicos necessários.

Outro ponto importante é manter essa rede conectada com smartphones e outros tipos de tecnologia móvel, para que as pessoas ao redor do mundo também pudessem contribuir com dados para o projeto.

Para conseguir a verba necessária, o projeto precisará vencer quatro outros futuros projetos de tecnologia emergente, que estão tentando ganhar financiamento da Comissão Europeia. Tais projetos incluem estudos sobre o cérebro, estudos medicinais, pesquisas sobre o grafeno (substituto do silício) e uma tentativa de criar máquinas conscientes dotadas de um tecido que imita a pele humana.

Os projetos vencedores serão escolhidos no final deste ano, e os trabalhos terão início em 2013.

Fonte: Tribuna Hoje.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Cientistas querem fabricar nuvens contra aquecimento global

Borrifamento de vapor de água salgada sobre os oceanos induziria a formação de nuvens espessas e brancas capazes de refletir a luz solar, impedindo que o planeta aqueça

Um grupo de especialistas em atmosfera terrestre estuda a criação de nuvens sobre oceanos como forma de combater o aquecimento global. A ideia, digna de ficção científica, vem sendo analisada há tempos, mas já pode entrar em fase de experimento, em pequena escala, segundo artigo publicado este mês no periódico científico Philosophical Transactions of the Royal Society.

Mas para que isso aconteça é preciso mais engajamento da comunidade científica, pouco simpática à proposta. Só assim será possível atrair financiamento para a realização dos testes, diz um dos autores, o físico Rob Wood, no site da Universidade de Washington.

É que a criação induzida de nuvens faz parte de um conceito mais abrangente chamado de geoengenharia, que engloba os esforços em usar a tecnologia para manipular o meio ambiente. Em geral, as propostas da geoengenharia esbarram em questões éticas e políticas ligadas às incertezas sobre os efeitos colaterais de intervenção no delicado ecossistema terrestre.

Produzindo nuvens
A teoria por trás do projeto prevê o borrifamento de vapor de água salgada sobre o mar para induzir a formação de nuvens espessas e brancas capazes de refletir a luz solar, impedindo assim que o planeta aqueça.

Barcos futuristas, monitorados por controle remoto e equipados com um sistema de "spray" gigante, seriam reponsáveis por aspergir a solução no ar. O objetivo é aumentar em 10% a reflexividade das nuvens marinhas do tipo stratus-cumulus, que são baixas, densas e cobrem pelo menos 25% dos oceanos.

No entanto, a título de experimento, o teste começaria com a instalação de um tubo gigante em um navio comum ou numa barcaça que faria o borrifamento da água salgada na altura desejada. Em seguida, uma pequena aeronave equipada com sensores analisaria as características físicas e químicas das partículas e sua dispersão.

Mais à frente, na fase final do experimento, os pesquisadores enviariam de cinco a 10 navios que se espalhariam num raio de 100 quilômetros. Dessa forma, as nuvens resultantes seriam grandes o suficiente para serem observadas por satélites.

Fonte: EXAME.com.

domingo, 26 de agosto de 2012

Alunos desenvolvem ações sustentáveis para a Copa

Ainda faltam dois anos para o início da Copa do Mundo de 2014, mas um grupo de alunos do Senac de Uberlândia já está pensando em maneiras de reduzir o impacto ambiental das toneladas de lixo que serão geradas durante o evento esportivo. José Carlos Campos e mais 19 estudantes, por exemplo, pegaram garrafas pet, lixo orgânico e terra para montar pequenas hortas sustentáveis.

O grupo também arquitetou outros planos ambientais: painéis solares no topo de estádios e um sistema de calhas e filtros para reaproveitamento de água.

Estas e outras ideias estão expostas na Segunda Mostra da Aprendizagem Comercial, que começou ontem na unidade do Senac Uberlândia, no bairro Martins, setor central. O evento reúne o trabalho de mais de 400 jovens aprendizes e é aberto a todos os públicos, com entrada franca. A exposição pode ser visitada na segunda-feira até as 16h.

A Segunda Mostra de Aprendizagem está ocorrendo conjuntamente em 34 unidades do Senac em Minas Gerais. Segundo a coordenadora pedagógica da unidade de Uberlândia, Alessandra de Faria Marques, os estudantes tiveram de desenvolver trabalhos focados no empreendedorismo para a Copa do Mundo. “A Mostra serve para mostrar como Uberlândia está preparando os profissionais para receber as pessoas em 2014”, disse.

Como a Copa do Mundo de 2014 terá como tema a sustentabilidade ambiental, os estudantes foram desafiados a montar ações ecologicamente corretas. O grupo de João Paulo Ferreira, por exemplo, utilizou monitores velhos para fazer lixeiras de coleta seletiva. “Durante a Copa, vai aumentar muito a quantidade de resíduos, por isso é importante pensar em maneiras de reutilizar o lixo”, disse.

Fonte: Correio de Uberlândia.

sábado, 25 de agosto de 2012

Tecnologia do Kinect revoluciona atividades cotidianas

Quando o Kinect veio ao mundo comercialmente, em novembro de 2010, um grupo de pesquisadores enxergou mais do que um novo videogame: viu uma oportunidade. As possibilidades do sensor de movimentos claramente poderiam ir além de apenas transformar o corpo em joystick. A Microsoft logo se deu conta disso e anunciou uma versão do hardware para Windows, abrindo a plataforma para desenvolvedores. Ou seja, tudo começou com o chamado hacking do aparelho.

Durante o ano de 2010, diversos programadores conseguiram abrir o código do Kinect e o fizeram rodar em computadores. A partir daí surgiu a possibilidade de usufruir dos sensores a laser para criar novas utilidades nunca imaginadas. Boa parte destes projetos foi parar no site http://www.kinecthacks.com/. Conheça abaixo cinco projetos inovadores utilizando a tecnologia do Kinect.

Games educativos
Uma das empresas que se encantou com o Kinect é a brasileira agência Detalhes, de Belo Horizonte, especializada em projetos para educação, que entrou a fundo na plataforma. Quando a Microsoft conheceu o trabalho criado pelos brasileiros, logo os convidou para um seleto grupo de desenvolvedores que receberam a versão para Windows antes do mercado - a versão chegou ao Brasil no início de julho deste ano.

"Começamos a notar que os joguinhos tradicionais, mesmo de videogame, estavam ficando saturados, pois os alunos tinham os mesmos em casa. Queríamos algo mais imersivo, mais abstrato do mundo real, onde eles poderiam vivenciar a experiência", conta Marcos Arrais, diretor de tecnologia da agencia.

Os sensores de movimento e voz possibilitaram um game mais atrativo para a educação. "As instituições acharam a ideia fenomenal, pois enquanto a criança joga é possível pegar informações comportamentais de cada um, de acordo com seus erros e acertos. Além disso, dá para fazer relatórios comparativos entre alunos e turmas, o professor está lidando com turmas do mesmo colégio, com crianças de mesma característica econômica, mas elas têm desempenhos diferentes. Com a análise dos dados, ele pode saber onde errou no processo", explica Arrais.

Medicina sem toque
Uma inovação muito simples pode mudar o tempo de uma cirurgia. Durante o processo cirúrgico, os médicos precisam analisar exames de imagem para tomar decisões, e cada vez que tocam em um objeto, precisam fazer uma nova esterilização.

O Kinect pode entrar nas salas cirúrgicas em televisões, assim os médicos podem passar os exames na tela ou aplicar zoom nas imagens apenas utilizando gestos, sem precisar tocar em nada. O projeto não é originário do Brasil, mas já foi adaptado para o Hospital Evangélico de Londrina. Futuramente, cirurgias por aparelhos também poderão ser controladas por gestos, ao invés dos joysticks usados hoje, sujeitos a falhas e a imprecisões.

Arqueologia
Estudantes da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, descobriram uma maneira de usar o Kinect em suas escavações arqueológicas na Jordânia. A ferramenta serve para mapear os sítios arqueológicos em 3D e substitui outra muito mais cara utilizada anteriormente, chamada LIDAR. Após captar as imagens, poderão ser feitos modelos em 3D e projetá-los em um ambiente imersivo e de realidade virtual. Além de capturar as imagens, agora os pesquisadores também podem adicionar informações sobre cada parte do espaço.

Para salvar pessoas
Na Universidade de Warwick, na cidade inglesa de Coventry, a tecnologia possibilitou a criação de um robô de resgate, desenvolvido para procurar vítimas sobre escombros em terremotos e deslizamentos. Até então, robôs com sensores a laser eram usados para esse trabalho, o que tornava os custos muito altos. Agora, os robôs poderão criar mapas 3D do local do acidente e apontar a possível localização das vítimas.

Um guia para cegos
O periférico da Microsoft está prestes a mudar a vida de deficientes visuais. Alunos da universidade de Konstanz, na Alemanha, utilizaram o console para mapear o ambiente. Com o Kinect no capacete e um laptop na mochila, os cegos poderão ter avisos sobre os obstáculos à frente. Um dispositivo preso no corpo avisa por sinais vibratórios a direção do objeto. Ainda em fase experimental, o sistema pode incluir instruções sobre como chegar a determinados locais, por exemplo.

Fonte: Terra.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Agricultor dá exemplo de sustentabilidade no semiárido

A convivência com o Semiárido pode ser uma experiência bem sucedida de desenvolvimento sustentável. Essa é a contribuição que o agricultor Luiz Pereira de Souza traz, nesta sexta-feira (24), ao programa Semiárido em Foco, promovido pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa/MCTI).

Na oportunidade, Souza vai contar como ele e a família conseguiram, ainda no final da década de 70, reverter o processo de degradação de suas terras, devido a agricultura intensiva de cultivo do milho, feijão, algodão e agave, além da criação de gado.

Na programação do 8º Simpósio Brasileiro de Captação e Manejo de Água da Chuva, realizado semana passada, Luiz de Souza integrou a programação, ao relatar, juntamente com outros agricultores da região, sua experiência na área de manejo e captação de água da chuva no setor rural.

O agricultor possui 35 hectares de terras no município e quando assumiu a gestão da propriedade, no final dos anos 1970, a terra se encontrava em processo de degradação pela exploração intensiva da agricultura, com o cultivo de milho, feijão, algodão e agave (Agave sisalana) e pela criação de gado.

Para interromper o avançado processo de degradação, a família do agricultor implementou uma estratégia orientada para o aumento da produção e do estoque de biomassa no sistema agropastoril, bem como para a intensificação das transferências de biomassa entre seus subsistemas. Essa estratégia foi viabilizada por meio do aumento da biodiversidade, da ampliação da capacidade de armazenamento de forragens, de água e de sementes e do emprego nos roçados de todo o esterco produzido na propriedade.

Fonte: Melhor Celular.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Cidade sustentável

O modelo de desenvolvimento experimentado mundialmente nos últimos dois séculos, que atualmente encontra-se em turbulência, inviabiliza qualquer possibilidade de construção de uma agenda que tenha como centro o desenvolvimento sustentável, pois baseado na lógica do crescimento de forma ilimitada esquece-se das gerações futuras. Neste momento que este modelo passa por uma crise profunda faz-se necessário pensar um novo paradigma que atenda os princípios da sustentabilidade. O desenvolvimento local é um bom começo para novas experiências que caminhem nessa direção.

Nesse sentido, é de suma importância que a agenda dos candidatos a prefeito de Manaus contemple políticas que promovam a construção de uma cidade sustentável. Que as políticas a serem apresentadas aos eleitores não sejam meramente dados estatísticos para obter o voto, mas que possa apontar os princípios de um novo projeto para Manaus que combine economia, bem-estar social e preservação do meio ambiente. Que o novo prefeito faça uma gestão preocupada com o meio ambiente com vista a uma melhor qualidade de vida aos manauaras. Que possa ser implantado plano de resíduos sólidos, com redução, reutilização e reciclagem dos mesmos. Numa cidade como a nossa, marcada pelas enchentes, sejam criada políticas de prevenção a desastres ambientais para evitar o que se assiste todos os anos com os moradores das beiras de igarapés.

A economia do Estado do Amazonas está concentrada na cidade de Manaus. Cabe ao poder público fomentar pesquisas para estudar formas de energias limpas para atender as empresas do PIM. Uma das alternativas seria a energia solar que é muito difundida na Europa e que poderia muito bem atender as nossas demandas.

Que o município possa ser o indutor e o regulador dessas políticas. Mas será importante que a gestão possa ser participativa para ouvir as propostas apresentadas pelo movimento social antes de serem implementadas. Acreditamos que só desta forma a viabilidade de cidade sustentável logrará êxito.

Fonte: D24am.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Biólogo elimina descarga sanitária em casa para economizar água

Na casa do biólogo e bioconstrutor Fernando Nascimento moram quatro pessoas. Por ano, sua família economiza, em média, 61,3 mil litros de água apenas com a eliminação das descargas sanitárias. Isso foi possível com a construção de um banheiro seco que não gasta uma só gota de água no vaso sanitário. O banheiro seco é uma invenção inglesa de 1597.

O sanitário compostável já é utilizado em várias partes do mundo, como uma alternativa mais ecológica ao sistema convencional. Em geral, é necessária a construção de dois sistemas, um vaso sanitário para urina e outro para fezes. A urina é destinada a um tanque e, depois de tratada, pode ser utilizada como adubo. “Ela também pode ser descartada diretamente no solo, após passar por decomposição anaeróbica em bombonas plásticas porque não vai poluir e fornece nutrientes para as plantas”, disse o bioconstrutor.

As fezes são armazenadas em câmaras do lado de fora da casa. A ideia é simples e parte do princípio que, ao se misturar nitrogênio dos dejetos e carbono de serragem ou aparas de gramíneas sob alta temperatura, há uma aceleração do processo de desidratação e compostagem, o que faz com que esses dejetos sejam transformados em adubo. Para isso, se constrói uma estrutura onde os resíduos serão acumulados e sob calor aconteça o processo, que é inodoro. Os resíduos devem permanecer na compostagem por, pelo menos, seis meses, para que o ciclo de qualquer parasita ou patógeno seja processado pela fermentação aeróbica que ali vai ocorrer.

Segundo Fernando Nascimento, na câmara onde as fezes são desidratadas a temperatura fica entre 65 e 80 graus centígrados. “Esse calor é suficiente para eliminar todo tipo de bactérias e parasitas e torna o adubo 100% seguro”, afirmou.

O banheiro foi construído e está sendo utilizado há dois anos e oito meses. Nesse período a família já economizou o total de 161.280 litros de água e produz adubo orgânico. “Há mais de dois anos não damos descarga e o mais importante é que não jogamos nada do vaso sanitário no esgoto. Essa água deixou de ser efluente contaminante no meio ambiente. Só aí o ganho já foi imenso”, disse.

Consciência ecológica motivou projeto Para construir todo o sistema do banheiro seco, Fernando Nascimento calcula hoje um investimento em torno de R$ 300. Segundo ele, compensa, já que as vantagens são muitas. Entre elas, ele destaca não misturar fezes com água potável; transformar um problema, o esgoto, em recurso já que é produzido húmus; não necessitar de instalações hidráulicas; não produzir lixo contaminante; eliminar agentes patogênicos; permitir a utilização do adubo e ter custo operacional baixíssimo.

O biólogo, que se formou bioconstrutor por ter sido motivado pela consciência da não agressão ao meio ambiente, quer difundir o emprego de técnicas mais sustentáveis e de formas ecologicamente corretas de se trabalhar em parceria com a natureza também na construção civil.

“Há uma enorme demanda de espaços que poderiam ser ecologicamente construídos, como centros de apoio educacional, pontos de coleta de material reciclável e até mesmo as ecorresidências. Pelo fato de hoje estarmos muito mais preocupados com a compensação ambiental, a bioconstrução rapidamente deixará de ser uma tendência para se tornar uma exigência na construção civil.” Para mostrar que isso é possível, ele está construindo um protótipo de casa sustentável para difundir técnicas e materiais alternativos.

Vantagens Economizar água com a eliminação de descargas sanitárias Não misturar fezes e urina com água potável Não produzir esgoto Reaproveitamento para a produção de adubo Baixo custo operacional
Custo: Aproximadamente R$ 300

Fonte: Correio de Uberlândia.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Nova ciência para o desenvolvimento sustentável

Para diretora da Divisão de Políticas Científicas da Unesco, transição para economia verde e sustentável exige mudanças de pensamento e de atitudes em todos os setores

A construção de um futuro sustentável depende de uma série de mudanças, incluindo o modo de se fazer ciência. A opinião é da moçambicana Lídia Brito, diretora da Divisão de Políticas Científicas da Unesco. Conhecida pelo seu engajamento em questões ambientais e em movimentos feministas, Brito esteve na Rio+20 para deixar uma mensagem diferente. De acordo com ela, os cientistas também devem mudar a forma como pensam a solução dos problemas, as agências de financiamento devem priorizar áreas de pesquisas essenciais para a sustentabilidade e a sociedade deve cobrar dos cientistas, do governo e dos empresários melhores respostas às suas perguntas. Acompanhe a entrevista abaixo de Lídia Brito para a Revista Pré-Univesp.

Pré-Univesp: Cientistas e pesquisadores de todo o mundo participaram ativamente de vários eventos paralelos à reunião de chefes de Estado durante a Rio+20. Na sua opinião, qual foi a mensagem deixada pelos cientistas na Cúpula da ONU?

Lídia Brito: Os cientistas mostraram que podem trazer respostas para o futuro do planeta e que querem fazer parte da solução. Mostraram também que estão preparados para mudar a sua forma de fazer ciência. A ideia foi mostrar um compromisso da comunidade científica. Isso vai além de "fazer reivindicações".O lançamento do documento "Future earth" [Terra do Futuro, lançado em evento paralelo a Rio+20, que reúne observações de cientistas sobre o futuro do planeta - www.icsu.org/future-earth], mostrou que os cientistas estão dizendo "nós vamos fazer uma nova ciência". Nós estamos preparados para responder de uma forma participativa e integrada com os outros atores envolvidos no processo de construção de uma nova economia verde, como empresários e governo. Esperamos que a ciência seja envolvida no processo de desenho e de definições dessas metas.

Pré-Univesp: Mas a ciência também precisa se preparar para esse debate e para essa nova sociedade "verde"...

Lídia Brito: Sem dúvida. Quando eu digo que existe o compromisso, não quer dizer que estejamos lá. Nós assumimos a consciência de que a ciência tem de ser feita de maneira diferente. O "Future earth" é uma dessas iniciativas. Mas há muita coisa mais para se mudar. É preciso repensar a gestão das instituições que fazem e que financiam pesquisa, das redes de pesquisa locais e internacionais. É preciso repensar a maneira de se fazer ciência.

Pré-Univesp: As agências de financiamento à ciência devem priorizar áreas de pesquisa voltadas à sustentabilidade?

Lídia Brito: Mais do que isso, é preciso priorizar pesquisas que respondam a questões que são globais. As várias comunidades científicas precisam trabalhar juntas. E precisamos trazer a sociedade "para dentro" desse processo. Em outras palavras: precisamos de um novo contrato entre ciência e sociedade.

Temos de desenvolver uma nova interface entre ciência e política que ainda não está bem desenvolvida. Em uma área em que sabemos que não há capacidade científica, por exemplo nos países pobres da África, precisamos trabalhar em cooperação científica internacional. Há 'fossas' científicas em vários lugares do mundo. Há lugares do mundo que não têm capacidade de produzir conhecimento e nem de transformar esse conhecimento em ação. Não podemos deixar algumas regiões do mundo sem respostas. Precisamos pensar na sustentabilidade para todo planeta.

Pré-Univesp: Como exatamente a sustentabilidade pode salvar o futuro do planeta?

Lídia Brito: A humanidade é a sua maior força. Isso significa que a responsabilidade da humanidade, de tomar conta do sistema terrestre, aumenta muito. É preciso pensar que cada ação que nós tomamos pode proteger o planeta Terra ou então destruir esse equilíbrio do sistema - lembrando que é um sistema muito complexo e muito interconectado. Se nós queremos manter a civilização como nós a conhecemos, nós temos de dar atenção a isso. Estamos vivendo um processo de mudança que é incerto porque estamos entrando em uma zona de incerteza. Agora temos de ver que ainda temos muita pobreza no mundo e que essa pobreza está tendo uma rápida aceleração. Há muita gente que não come todos os dias, que não tem água potável. Pensar em um futuro sustentável de uma maneira consciente é pensar também em como seremos capazes de acabar com essas desigualdades. Precisamos olhar para nós e para os outros em harmonia com o ambiente em que vivemos. E isso é uma questão social. É falarmos de sociedades sábias, e não de políticos e de cientistas.

Pré-Univesp: Como engajar a sociedade nesse processo?

Lídia Brito: Primeiramente, por meio da imprensa. É preciso mostrar ao público os dados que a ciência nos aponta hoje. Há dados que mostram que o planeta está ficando insustentável. As pessoas precisam conhecer essas informações. Precisamos comunicar a ciência de uma maneira que toque as pessoas. Nós já temos evidências de que há um momento de intensidade e de frequência de desastres naturais. A nossa geração já sente isso, especialmente as comunidades que vivem mais em contato com a natureza. Por exemplo, as populações perto das costas, as comunidades de pescadores. Essas pessoas já estão sentindo as mudanças climáticas. Há menos peixes. O movimento das águas mudou. Mas não é só isso. A ciência tem de responder também às questões sociais. A sociedade tem de questionar a comunidade científica e essa comunidade tem de ouvir e tem de responder. É preciso mobilizar o conhecimento intrínseco da ciência e da sociedade, ou seja, os saberes populares, os conhecimentos que estão nos povos.

Pré-Univesp: Estamos vivendo um momento no Brasil de debate sobre o novo Código Florestal brasileiro, em substituição ao vigente, de 1965. Os cientistas se posicionaram contra o novo texto, que foi aprovado pela Câmara e só voltou a ser discutido depois de ter sido parcialmente vetado pela presidente Dilma Rousseff. Existe uma sensação de que no Brasil os cientistas falam, mas não são ouvidos. Por que existe esse buraco?

Lídia Brito: Esse buraco não é um caso particular do Brasil. É justamente por isso que estamos trabalhando tanto para criar novas maneiras de interface entre ciência e política. Mas esse buraco acontece também entre ciência e sociedade, ciência e setor privado, setor privado e sociedade e por aí vai. Esse diálogo tem de ser incentivado. A Rio+20 foi justamente uma oportunidade de fazer essas conexões. O que temos de saber agora é como fazer isso de maneira eficiente e constante.

Pré-Univesp: Existe um debate sobre igualdade de gênero para o desenvolvimento sustentável. A senhora é feminista e ambientalista. Como vê esse debate?

Lídia Brito: Isso é simples. A mulher deve participar do debate simplesmente porque somos 50% da população humana - e, em alguns países, a porcentagem é até maior. E, se a mulher não participar do debate trazendo a sua visão crítica sobre o que é desenvolvimento sustentável, então a discussão não será sustentável. Metade da capacidade humana de ajudar a resolver os problemas ambientais é feminina. Não é possível fazer transformação se 50% estiver de fora. A mesma coisa acontece se os pobres estiverem de fora ou os negros ou qualquer outro grupo. Não podemos fazer o debate se houver exclusão, porque as ideias e os questionamentos dos grupos excluídos não estarão em pauta. Além disso, em muitos países, inclusive no Brasil, a mulher tem muito conhecimento sobre a atividade agrícola e no campo. E, se a mulher não for envolvida, vamos perder boa parte da capacidade de reflexão humana. Justamente por isso os debates de gênero são trazidos à tona. Esse debate entre os grupos é fundamental para o desenvolvimento sustentável. Todos têm de participar.

Fonte: pré-Univesp.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Cientistas criam método até 120 vezes mais rápido para carregar baterias de íons de lítio

As baterias de íons de lítio normalmente levam muito tempo para carregar. Com uma mente afim de corrigir este problema, uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Ulsan, na Coreia do Sul, desenvolveu uma nova técnica de fabricação da bateria que pode reduzir o tempo de carga de horas para minutos.

Na forma atual que as pilhas de íons-lítio são produzidas, elas têm cabos para alimentação de partículas de carga dentro da célula. O problema é que a carga é depositada de forma progressiva de fora para dentro. Esse método é o responsável pela relativa lentidão de carregamento dos atuais modelos de bateria.

A nova técnica, porém, faz com que as partículas que armazenam eletricidade sejam densamente entrelaçadas aos condutores, assim a bateria inteira pode começar a carregar ao mesmo tempo. Para isso, equipa-se o material celular em uma solução contendo grandes quantidades de grafite, que é feito de carbono. De acordo com o VR-Zone, quando carbonizada, o resultado é "uma densa rede de condutores ao longo dos eletrodos da bateria", o que facilita o processo de energização.

Em testes, a equipe mostrou que a execução dos condutores na bateria desta forma produz células que podem podem ser recarregadas entre 30 e 120 vezes mais rápido do que o normal de íon-lítio. Os resultados são publicados em Angewandte Chemie.

Fonte: Adrenaline.

domingo, 19 de agosto de 2012

Tecnologia faz a produção de etanol ficar mais sustentável

Dentro do processo de produção do etanol é necessário a utilização de levedura, um microorganismo que fermenta o caldo de cana e o transforma no biocombustível. Essa é a receita básica de qualquer usina, que envolve a utilização de grandes concentrações de antibiótico para matar bactérias concorrentes da levedura. No entanto, esse método acaba por interferir na competitividade da usina, explica José Eduardo Donato, diretor de negócios da empresa Beraca, especialista em desenvolver tecnologias nesse sentido. Após o processo ser concluído, há uma sobra de leveduras que pode ser utilizada na complementação à ração animal. Mas o uso do antibiótico no processo faz com que esse excedente seja rejeitado pelo mercado, diz.

Para acabar com esse problema, Donato conta que a empresa investiu em uma nova tecnologia, cuja matéria-prima é o dióxido de cloro. Sua principal função é substituir o uso de antibiótico no controle do processo de fermentação.

Com sua aplicação, as usinas poderão comercializar as leveduras excedentes do processo sem a presença de resíduos de antibióticos, que podem comprometer diretamente a segurança da cadeia alimentar, explica, lembrando que a conclusão do desenvolvimento dessa tecnologia se deu em 2011.

Além disso, Donato faz questão de enfatizar que a tecnologia é 100% nacional, desenvolvida por engenheiros da Beraca com auxílio de algumas instituições como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Segundo o executivo, a aplicação garante uma produtividade maior de álcool com economia do ácido sulfúrico utilizado para controle de Ph em até 25%.

Com o dióxido de cloro, as usinas poderão comercializar as leveduras excedentes do processo sem a presença de resíduos de antibióticos bastonete e nas formações de produtos bacterianos, como os ácidos lático e acético. A observação de que tal Já temos duas usinas no estado de São Paulo que utilizam nosso sistema. Uma em Santa Bárbara DOeste e outra em Leme, diz, observando que já está em negociação mais quatro. O objetivo da companhia é terminar a safra de 2013 com ao menos 20 usinas utilizando o processo.

Donato conta que a aposta para o futuro é grande, se baseando nos dados do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), que prevê a construção de pelo menos 100 novas usinas no Centro- Sul entre 2013 e 2020. Estamos acompanhando essa tendência do mercado, e por isso a Beraca investirá R$ 2 milhões até o final da safra de 2013, revela.

Para atender à demanda, a planta da Beraca em Santa Barbara dOeste dobrará o seu volume e saltará de uma produção de 500 toneladas ao mês para 1000 em itens para o tratamento em usinas de açúcar e álcool. O foco de atuação serão as usinas de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul e a expectativa é que até o final de 2013 o faturamento seja de pelo menos R$ 40 milhões. Fornecemos para a indústria sucroalcooleira há mais de 20 anos, diz.

A estratégia da empresa é acompanhar uma nova tendência dentro das usinas de açúcar e álcool e, com isso, buscar alternativas que tornem os processos mais sustentáveis. O mercado está passando por uma transformação importante. Há alguns anos, não ouvíamos falar em tratamento de água nas torres de resfriamento nas usinas, o líquido era despejado nos rios sem nenhuma preocupação com o meio ambiente, o que raramente acontece atualmente, compara o executivo.

Avaliação técnica. De acordo com análise de Luiz Carlos Basso, pesquisador da Esalq, o dióxido de cloro é um agente antimicrobiano empregado em larga escala e pode ser utilizado no tratamento de água para o consumo humano e reúso industrial. Sua aplicação no controle da contaminação bacteriana, instalado na fermentação alcoólica, se mostrou eficaz em ensaios de laboratório, o que culminou na sua aplicação em escala industrial, tanto em fermentações em batelada como contínua. Os resultados obtidos foram considerados positivos, pois houve uma redução significativa na contagem de células tipo bastonete e nas formações de produtos bacterianos, como os ácidos lático e acético.

A observação de que tal controle é obtido com concentrações relativamente baixas do produto é muito interessante. Ao que parece, a geração prévia do dióxido de cloro in situ (como foi conduzida nas destilarias) garante a sua eficiência, diferentemente de modos de aplicação onde se espera a produção do dióxido de cloro em reações no ambiente do pé-de-cuba, explica, ressaltando que a substância mostrou ser uma boa alternativa para o controle bacteriano em destilarias que pretendem comercializar a levedura seca removida do processo, uma vez que não apresenta o inconveniente de resíduos de antibióticos neste subproduto de crescente valor agregado.

Fonte: Bolsa Valores.

sábado, 18 de agosto de 2012

Médicos usam tecnologia de videogame em exames

Os exames são analisados de forma virtual pelos médicos, o que permite que os profissionais planejem ações sem riscos para os pacientes e com maior higiene. (Vídeo: Repórter Brasil/TV Brasil)




sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Sustentáveis e rentáveis

Sustentável e rentável. Há quem acredite que essas duas qualidades andem divorciadas no mundo dos investimentos. Entendem que o objetivo original de uma aplicação financeira é maximizar o lucro. Querer algo a mais - como contribuir para a conservação ambiental ou a responsabilidade social - seria um erro primário, um desvio de função. Mas números recentes sugerem que as aplicações financeiras que seguem preceitos de sustentabilidade podem ser tão rentáveis quanto as outras.

Do início do ano até 8 de agosto, fundos de ações da categoria sustentabilidade e governança renderam, em média, 13,69%, muito acima dos grupos Ibovespa Ativo (5,55%) e IBrX Ativo (7,81%), segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Apostar no bom desempenho dos fundos sustentáveis não é um ato de fé, defende Celso Lemme, professor da Coppead, instituto de pós-graduação e pesquisa em administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro. "Há uma evidência", afirma. E foi constatada em um recente trabalho acadêmico do qual ele foi orientador. Em sua dissertação de mestrado na Coppead, o carioca Dimas Hartz Pinto avaliou o retorno e o risco de fundos de investimento socialmente responsáveis (ISR) ao longo de 60 meses, entre janeiro de 2006 e dezembro de 2010.

Ele analisou 11 fundos de ações brasileiros que têm por característica principal a seleção dos ativos sob critérios socioambientais. Comparou esses investimentos com fundos indexados ao Índice Bovespa e ao Índice Brasil (IBrX), administrados pelos mesmos gestores. Foram utilizados ainda alguns indicadores como o Alfa de Jensen, o Índice de Sharpe e o Índice Treynor, além de outros métodos de comparação e de verificação da acuidade dos resultados.

A conclusão é de que não há uma diferença relevante entre os fundos sustentáveis e os que seguem índices gerais do mercado acionário. Os verdes ganham por pouco das carteiras convencionais. No período da pesquisa, o retorno médio mensal ajustado ao risco dos ISRs foi de 1,52%. Dos fundos Ibovespa, foi de 1,38%. Dos fundos IBrX, de 1,35%. O Alfa de Jensen, que mostra a diferença entre os retornos dos fundos sustentáveis em relação ao benchmark, ficou em 0,167% ao mês e 0,199% ao mês comparado aos fundos Ibovespa e IBrX, respectivamente. "Foi um empate técnico. O resultado não tem significância estatística", afirma Lemme, que é autor de um capítulo do livro "Sustentabilidade e Geração de Valor", da Editora Campus/Elsevier.

Apesar de o placar ter ficado, pelo rigor estatístico, no "zero a zero", o jogo não foi perdido. Lemme e Dimas veem o resultado de forma bastante positiva. Sob a ótica meramente financeira, a pesquisa demonstra que os produtos são iguais. Rendem praticamente o mesmo. "As pessoas normalmente julgam que para investir em algo que é socialmente responsável é preciso abrir mão do benefício econômico. Mas o estudo comprova que não é verdade. É possível ter lucro observando critérios sustentáveis", afirma Dimas.

Pensando além do universo da matemática, os ISRs geram uma vantagem extra: a consideração de riscos socioambientais na seleção dos investimentos. O resultado obtido por Dimas é consistente com os mais de 50 estudos estrangeiros semelhantes que o pesquisador analisou e expôs em sua dissertação. Na maioria, as pesquisas americanas e europeias apontaram uma relação risco-retorno melhor para os fundos ISR. Os indicadores de retorno e volatilidade do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa também evidenciam um resultado mais favorável para o indicador verde. Desde 30 de novembro de 2005, quando foi criado, o ISE avançou 137%. O Ibovespa, 85,24%. Observando a volatilidade, o ISE também demonstrou comportamento melhor que o índice das ações mais negociadas na bolsa. "Destaco que, no pico da crise de 2008, o ISE descolou do mercado. Isso mostra que uma carteira focada em governança tende a sofrer menos em períodos ruins", afirma Sonia Favaretto, diretora de sustentabilidade da BM&FBovespa.

Para Hugo Penteado, economista-chefe da Santander Asset Management, a pergunta que os investidores deveriam fazer não é qual é o retorno dos investimentos sustentáveis. E, sim, qual é o "não retorno" das aplicações não sustentáveis no longo prazo. Para o investidor José Alves Bento, do Rio de Janeiro, a reflexão faz todo sentido. Engenheiro aposentado, Bento passou a olhar para a sua carteira de ações sob a ótica da sustentabilidade e tomou uma decisão difícil. Está vendendo os papéis de empresas rentáveis no curto prazo, mas que tendem a perecer no longo prazo. "Estou me desfazendo de alguns papéis porque percebo que há problemas num horizonte mais distante", afirma ele. "Para mim, a sustentabilidade já é uma questão inerente a qualquer empresa."

Sob o ponto de vista de investimento, a estratégia de Bento é adequada. Como explica Fabio Colombo, administrador de investimentos, escolher os ativos sob o filtro da sustentabilidade é uma forma de reduzir o risco da operação. Penteado, do Santander, é mais taxativo. "A não observação das questões ligadas ao meio ambiente, ao impacto social e à governança traz riscos financeiros para os negócios. É preciso olhar a qualidade do retorno", afirma.

No caso do fundo de ações Ethical, lançado em 2001 pelo ABN e mantido pelo Santander sob as mesmas diretrizes, o desempenho pode ser considerado interessante. Do lançamento da carteira até o fim de junho, o retorno foi de 596%. A turma do deixa-disso pode ponderar que outros fundos, sem restrições à formação da carteira como tem o Ethical, ganharam muito mais. É verdade. Mas, comparado ao principal referencial do mercado, o Ethical foi bem. No mesmo período, o Ibovespa subiu 356%.

Ganho acima do mercado também pôde ser visto no fundo Excelência Social do Itaú Unibanco. Criado em 2004 sob critérios sustentáveis, a carteira rendeu para o cotista 210% até 30 de junho deste ano. O Ibovespa acumulou alta de 132,2% no mesmo período. "O desafio é fazer com que o nosso mercado passe a levar em conta as premissas da sustentabilidade", afirma Luiz Felix Cavallari, gestor da Itaú Asset Management.

Fonte: Jornal da Ciência.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Papel das redes sociais na superação da pobreza é tema de livro de pesquisador brasileiro lançado no Reino Unido

O papel das redes sociais na superação da pobreza e da segregação é o tema do livro Opportunities and Deprivation in the Urban South, lançado recentemente no Reino Unido pela editora Ashgate.

A obra é baseada na tese de livre-docência de Eduardo Cesar Leão Marques, professor do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP) e pesquisador do Centro de Estudos da Metrópole (CEM) – um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP e também um Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT). Para a realização do livro a coleta de dados foi ampliada e complementada por pesquisa qualitativa sobre o uso das redes no cotidiano dos indivíduos.

A pesquisa partiu do pressuposto – amplamente aceito na literatura científica nacional e internacional – de que segregação espacial tende a produzir segregação social. Segundo Marques, isso quer dizer que, embora duas pessoas possam ter a mesma renda, uma delas pode ter piores condições de vida e perspectivas de futuro se estiver isolada espacialmente, com menos acesso a serviços públicos, à informação e a contatos com outros grupos sociais diferentes do seu.

O objetivo do estudo foi investigar de que forma as redes de relacionamento de indivíduos em situação de pobreza poderiam influenciar essa equação. “Nossa hipótese era que haveria diferentes graus de isolamento de acordo com os tipos de redes sociais que as pessoas possuem”, disse Marques.

Para testar a teoria, pesquisadores do CEM analisaram as redes sociais de 210 pessoas em sete diferentes regiões pobres de São Paulo. “Selecionamos moradores de favelas segregadas, favelas situadas perto de bairros ricos e em distritos industriais, conjuntos habitacionais e cortiços. Também foram investigadas as redes de 30 pessoas de classe média, apenas para ter um padrão de comparação”, disse Marques.

As informações levantadas foram então relacionadas com uma série de indicadores sociais. Isso permitiu identificar, por exemplo, a influência que as redes de relacionamento tinham sobre a renda dos entrevistados e sobre a probabilidade de estarem empregados e conquistarem empregos com algum grau de proteção e estabilidade.

 “Percebemos que as pessoas com grande parte de sua rede social em ambientes organizacionais – como empresas, associações comunitárias, igrejas e organizações políticas – tinham melhores condições de vida quando comparadas a indivíduos com redes muito locais, centradas na vizinhança, nos amigos e na família”, disse Marques.

Segundo os resultados do estudo, o contato com pessoas diferentes facilita a superação da pobreza porque promove a circulação da informação, de recursos econômicos e de repertórios culturais. “O tamanho da rede social não fez tanta diferença. Ela pode ter um tamanho médio, mas não pode ser muito local e homogênea. Se uma pessoa pobre tem contato apenas com gente igualmente pobre e desempregada, as chances de conseguir sair daquela situação são pequenas”, disse Marques.

São Paulo e Salvador
Após a identificação das redes de pior e melhor qualidade, os pesquisadores do CEM selecionaram 40 entrevistados anteriormente para participar de uma pesquisa qualitativa sobre os usos das redes. “Queríamos entender como as pessoas mobilizavam esses contatos, como essas redes se configuram e mudam ao longo do tempo”, disse Marques.

Os resultados da investigação já haviam sido publicados em um livro, lançado no Brasil em 2010 pela editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp). Segundo Marques, no entanto, a obra recém-lançada no Reino Unido não se resume a uma simples versão da pesquisa para o inglês.

“O objetivo principal do livro em português era introduzir no debate nacional a ideia de que a pobreza é produzida também por padrões de inter-relação, não apenas por características individuais e pelos padrões de decisão dos indivíduos. Na Europa e nos Estados Unidos já existe vasta literatura sobre esse tema. O livro em inglês, portanto, dialoga com uma série de outras hipóteses presentes no debate internacional ligadas aos diferentes efeitos de redes sociais diversas, assim como à associação entre redes sociais e segregação”, explicou.

No dia 20 de agosto será lançado Redes sociais no Brasil: Sociabilidade, organizações civis e políticas públicas. Com organização de Marques, o livro compara os dados da pesquisa feita em São Paulo com resultados de outro braço do estudo realizado em Salvador, na Bahia, onde foram entrevistadas 153 pessoas.

“Salvador é uma cidade com estrutura social muito diferente de São Paulo. A pobreza é diferente, o mercado de trabalho é diferente e a sociabilidade é diferente. Mas as redes sociais são parecidas e o efeito delas sobre a pobreza também é semelhante”, disse Marques.

O lançamento ocorrerá a partir de 18h30 na Livraria da Vila, unidade Jardins, Av. Lorena 1731, em São Paulo.

Opportunities and Deprivation in the Urban South
Autor: Eduardo Cesar Leão Marques
Lançamento: maio de 2012
Preço: US$ 99.95
Páginas: 198
Onde comprar: www.ashgate.com/isbn/9781409442707

Fonte: Agência Fapesp.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Fontes de inspiração verdes

Saiba o que as empresas do sul estão fazendo para tornar os ambientes fabris mais alinhados com conceitos de sustentabilidade

O desperdício é zero Além de instalações bioclimáticas, com uso reduzido de recursos como energia e água, a fábrica do futuro terá todo seu processo produtivo baseado na filosofia do “desperdício zero” – um solo fértil para o exercício da inovação e da criatividade. É o que demonstra o caso da Masisa, que inovou na reutilização de resíduos do processo produtivo – e com tremendo sucesso. Escolhida como um dos 16 campeões da sustentabilidade entre 1,5 mil empresas dos mercados emergentes durante o Fórum Econômico Mundial, realizado em setembro de 2011, na China, a Masisa desenvolveu uma técnica para extrair água da madeira, sua principal matéria-prima.

“Metade da madeira é feita de fibra. A outra metade é água. O que fazemos é extrair essa água por meio de evaporação. Quando o vapor se condensa, a água vinda da madeira está limpa e purificada. Isso nos dá cerca de 6 mil metros cúbicos de água por mês em uma única unidade”, conta Fernando de Geus, gerente de responsabilidade social e ambiental da Masisa.

O cálculo é simples: quanto mais a empresa produz, mais água economiza. Na unidade de Ponta Grossa (PR), a economia é de R$ 3 por metro cúbico de água – R$ 18 mil mensais. A técnica, por sinal, foi desenvolvida pelo braço brasileiro da empresa e depois replicada em uma nova fábrica no Chile.

Outra iniciativa foi a redução do consumo de combustíveis fósseis na fabricação de painéis de MDF. O processo, que exige a aplicação de altas temperaturas para a aglutinação das fibras da madeira, é hoje feito principalmente pela combustão de resíduos da própria madeira usada no MDF – como cascas, tocos e galhos. “A fábrica de Montenegro (RS) já começou as operações com essa planta térmica, que usa 100% de combustível renovável. Em Ponta Grossa, foi uma inovação que fizemos com o carro andando e que custou US$ 4 milhões”, conta Geus. A inovação levou a uma queda de 870 toneladas mensais na emissão de CO2 – e de 60% dos gastos mensais em energia. Além disso, a Masisa é referência internacional em reúso de água.

A água é reciclável
Para economizar no consumo de água, a nova planta da GM em Joinville contará com um complexo sistema chamado “osmose reversa” – que irá gerar até 22 mil metros cúbicos por mês, provendo o consumo de 100% da água não potável na fábrica. “A unidade terá um tanque para acumular água da chuva e outro para o esgoto tratado. As duas fontes abastecerão o sistema de osmose reversa, formado por membranas semipermeáveis, que retêm os resíduos sólidos, os micro-organismos e os químicos. Isso gera uma água de excelente qualidade para uso industrial, sanitários, jardinagem e lavagem de pisos, por exemplo”, diz Claudia Pires. “Apenas 19% da água utilizada virá da rede de abastecimento. Serão 22 milhões de litros de água reciclada por ano.”

A unidade da Keko em Flores da Cunha irá ainda mais longe: tratará 100% dos efluentes por meio de dois sistemas. Um deles purifica a água usada em sanitários e restaurantes, e o outro, os efluentes industriais. Após um processo de cloração, a água passa por um teste de toxicidade e volta ao processo produtivo, aos sanitários, aos banheiros. Além disso, serve para encher o espelho d’água que enfeita os jardins da unidade. “Toda a água é tratada, inclusive os químicos, as tintas”, explica Juliano Mantovani, diretor de mercados, inovação e qualidade da Keko. “Só não pode ser bebida porque teria de passar por um processo de filtragem. Calculamos que nossa economia será de 500 mil litros por mês.”

Reúso de água é uma das especialidades da Masisa, que há dez anos recicla tudo o que usa em sua unidade de Ponta Grossa. A unidade de Montenegro, inaugurada em 2010, conta com mais uma benesse: uma série de lagoas artificiais usadas para captação de água da chuva. A bacia de contenção tem capacidade de 170 mil metros cúbicos, o equivalente a três campos de futebol, e garante a água necessária aos processos produtivos mesmo em períodos de estiagem.

A energia é limpa
A PepsiCo é outra companhia que apostou na reutilização de resíduos para economizar no processo produtivo. “Em nossa fábrica de produtos Quaker, em Porto Alegre, substituímos a caldeira a vapor, movida a gás natural, por uma caldeira que utiliza como combustível a casca da aveia – até então, um resíduo industrial”, explica Cláudia Pires, gerente de sustentabilidade e responsabilidade social da PepsiCo no Brasil.

Por mês, 1,4 mil tonelada de casca de aveia geram energia – diminuindo em 20% o volume de resíduos. A medida reduziu à metade o consumo de energia por quilo de aveia industrializada. A solução, por sinal, foi desenvolvida por uma empresa gaúcha, a APS Engenharia de Energia – que, por cinco anos, ficará responsável pela operação do sistema.

O lixo é coisa do passado
Além de transformar casca de aveia em energia, a PepsiCo aposta na reutilização dos restos de plásticos. Isso graças a uma inovação projetada pela Wise Waste, empresa especializada em analisar os resíduos de uma empresa e descobrir formas de transformá-los em produtos. “No caso da PepsiCo, desenvolvemos uma forma de transformar sacos de salgadinhos em pallets de plástico”, conta Guilherme Brammer, sócio da Wise Waste. Pallets são estrados, geralmente feitos de madeira, para transportes de cargas em viagens. “Esses sacos iriam parar em lixões, mas nós os recolhemos e levamos de volta ao gerador. O custo de um pallet de plástico é mais alto que o de madeira, mas a diferença se paga em uma ou duas viagens. Tão logo se quebra, o pallet de plástico é reciclado outra vez.”

Outro exemplo da reutilização de plásticos é o da Braskem, a maior fabricante de resinas termoplásticas das Américas. A iniciativa sustentável da empresa é transformar lixo em luxo – na forma de mobílias politicamente corretas. Durante a Rio+20, a empresa colocará em funcionamento uma usina de reciclagem que vai transformar resíduos plásticos em cadeiras, mesas, bancos, floreiras e outros móveis – tudo feito de madeira plástica. A iniciativa, tocada em conjunto com a empresa de engenharia ambiental Cetrel, tem o objetivo de mostrar que o plástico não precisa acabar em lixões a céu aberto ou entupindo bueiros.

Na nova unidade da Keko, a filosofia do lixo zero inclui toda uma mudança na cultura dos funcionários. “Quando a fábrica estava sendo construída, trazíamos grupos de 30 ou 40 funcionários para explicar conceitos como reutilização de resíduos e economia de energia. Hoje, eles levam esses conceitos para suas casas”, conta Juliano Mantovani. Os funcionários aprenderam, entre outras coisas, a fazer a coleta seletiva dos resíduos. O controle é feito através de planilhas encaminhadas periodicamente para a Fundação Estadual de Proteção Ambiental do Rio Grande do Sul, a Fepam. O lixo reciclável é encaminhado para empresas recicladoras, e os demais, para empresas licenciadas a fazer o descarte adequado. Os resíduos orgânicos do restaurante são transformados em adubo. A medida também é utilizada em todas as unidades da GM, que em 2010 transformou cerca de 700 toneladas de resíduos de alimentos em adubo orgânico.

A vez da arquitetura climática
Entre outros pontos em comum, as novas plantas da GM e da Keko apostam nos benefícios da arquitetura bioclimática. No caso da Keko, há dois prédios inteiros sem paredes de concretos – são feitas inteiramente de vidro. Isso leva a um aproveitamento máximo da luminosidade natural. Quando há excesso de sol, uma série de dispositivos chamados brises-soleil controlam o excesso de luz. Nos outros prédios, há um sistema de placas prismáticas – pequenos prismas em formato cônico, de três a quatro metros de largura, que não geram energia, mas multiplicam a luz solar, iluminando o interior do prédio. Todas essas medidas diminuem o consumo de energia em até 30%. “Raramente acendemos a luz elétrica na fábrica. Só em dias escuros ou de chuva”, garante Juliano Mantovani.

A planta da GM também terá iluminação natural. Os prédios contarão com sensores de luz e dimmers – dispositivos utilizados para graduar a intensidade da corrente elétrica. “De dia, a luz do sol é suficiente para iluminar os ambientes. Quando começa a escurecer, o sensor detecta a diminuição da luz natural e o dimmer aciona a luz elétrica na medida necessária”, conta Claudia Pires. Além disso, haverá sensores de presença humana – quando não houver ninguém na sala, a luz se apagará automaticamente.

Os prédios da Keko contarão, ainda, com paredes duplas, que fazem um melhor acondicionamento térmico. As paredes são formadas por chapas de lã de vidro com 10 cm, que impedem a entrada do calor ou do frio. Além disso, há um espaçamento entre as paredes e as telhas, permitindo a circulação do ar, que sai por um duto no vão central do prédio. Isso faz com que todo o ar no interior da construção seja trocado de quatro a cinco vezes por hora. “É mais caro que um conjunto de paredes normais, mas dá um ganho enorme de produtividade. Se na rua estiver fazendo 30 graus, aqui dentro faz 26 sem ligarmos o ar-condicionado. No inverno, o interior da fábrica fica uns quatro graus mais quente do que a rua”, explica Mantovani. Além disso, os prédios são cercados por uma área verde de preservação natural de 3 mil metros quadrados, incluindo árvores de espécies nativas e dois rios – ainda mais sombra e água fresca, aumentando o conforto climático e a qualidade de vida dos funcionários.

Fonte: Amanhã.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Minicurso sobre confecção de artigos para o Ciência Viva acontece na UFU

Será apresentado um minicurso sobre a confecção de artigos para os Anais da XVII Ciência Viva. O evento acontece no dia 25 de agosto, sábado, às 9h, no Anfiteatro do Bloco 1X, Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

O minicurso será ministrado pelo professor Eduardo Kojy Takahashi e é voltado para os professores-orientadores dos trabalhos aprovados para o evento.

Não é necessária inscrição.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

domingo, 12 de agosto de 2012

Mensagem de boas-vindas

Olá!

Este é o blog oficial da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia de Uberlândia, Minas Gerais, que será realizada de 15 a 21 de outubro deste ano.

Por meio dele, você poderá conhecer as principais atividades da Semana, bem como as notícias relacionadas à economia verde, à sustentabilidade, à erradicação da pobreza, dentre outras.

Prepare-se para tudo isso e muito mais! Sej@ bem-vindo!!!